Tomada de Posição da Interjovem Sobre o Fim Das Comparticipações do Passe Social

 Não podemos aceitar as medidas que cortam nos direitos dos jovens trabalhadores e das suas famílias, atacando seriamente os nossos direitos e provocando retrocessos sociais gravíssimos, como é o caso de reduzir a mobilidade e o acesso aos transportes públicos.

 

O Governo anuncia hoje, pelo Secretário de Estado dos transportes, a intenção de acabar, até 2012 com o desconto de 50% nos passes dos pensionistas e dos estudantes dos 4 aos 18 anos, seguindo a mesma linha de anúncio sistemático do aumento das despesas dos trabalhadores e das suas famílias com necessidades básicas, como é a da mobilidade, e antecipando medidas que nos penalizam cada vez mais.

A elevada taxa de desemprego no nosso país é a maior de sempre e ultrapassa já os 12%. Entre os jovens até aos 35 anos, o desemprego atinge 16,4%, mais de 300 mil desempregados, 47% (quase metade) são desempregados de longa duração.

Estes são números oficiais, dos inscritos nos Centros de Emprego que realizam os procedimentos da “procura activa de emprego”, no entanto não reflectem toda a situação de inactividade de milhares de jovens trabalhadores que estão em ocupações temporárias ou formações, recebendo, muitas vezes, apenas uma pequena parte do salário.

As dificuldades que se colocam aos jovens e às jovens trabalhadoras têm consequências muito graves no desenvolvimento da sua autonomia e na constituição de família, adiando-se, hoje em dia, cada vez mais, a decisão de ter filhos. A idade de nascimento do primeiro filho era em 1980 de 23,6 anos nas mulheres, mantendo-se, hoje em dia nos 28 anos.

A situação de desemprego, agravada nas jovens famílias, assim como as condições de Precariedade, a gestão ao milímetro dos baixos salários, e muitas das vezes de apenas um salário e de uma prestação social, tornará muito difícil de aguentar o roubo que representa a falta desta comparticipação no orçamento mensal, principalmente quando existem filhos que precisam de se deslocar todos os dias.

A despesa com os transportes significa, já assim, uma grande fatia das receitas com as despesas da Educação a par com todas as outras que resultam da má gestão, da privatização de creches e encerramento de Escolas públicas, dos cortes gravíssimos que se fazem no financiamento das actividades das Escolas Básicas, nomeadamente as extra-curriculares, onde muitos pais se vêem obrigados a colocar as crianças pelo crescimento da desregulamentação dos horários de trabalho.

As declarações que são feitas pelo Secretário de Estado quando se refere a esta medida, dizendo que “a subsidiação dos transportes públicos só deve ser feita para os que tem menores rendimentos” é demonstrativa daquilo que este governo, respondendo aos interesses do grande patronato, pretende fazer com os nossos direitos – reduzi-los e transformá-los em “apoios” e “esmolas”. Trata-se de uma situação muito grave.

A Interjovem/CGTP-IN, continuando com a exigência do direito a uma vida digna para os jovens trabalhadores e para as suas famílias, não pode deixar de denunciar as políticas desastrosas da direita que tem sido seguidas por este governo PSD/CDS-PP imitando e agravando o que já tinha sido feito antes.

Estas políticas  submetem os jovens trabalhadores e as famílias ao pacto de agressão e às linhas políticas nele contidas, submetendo, deste modo a soberania do nosso país e pondo em causa o nosso desenvolvimento económico e social.

Não podemos aceitar as medidas que cortam nos direitos dos jovens trabalhadores e das suas famílias, atacando seriamente os nossos direitos e provocando retrocessos sociais gravíssimos, como é o caso de reduzir a mobilidade e o acesso aos transportes públicos.

Só uma forte resistência a estas medidas, com uma grande participação na Greve Geral, de dia 24 de Novembro e um grande envolvimento em todas as lutas que se seguirão, poderão ser eficazes no combate à destruição dos nossos direitos, à destruição do aparelho produtivo nacional e dos Serviços públicos.

É com a paralisação de todos os trabalhadores, independentemente dos seus vínculos, nas empresas e locais de trabalho e é na rua, nas concentrações que se realizarão em todo o país, no reforço da luta que daí vai resultar que seremos capazes de travar a política de desastre e potenciar o desenvolvimento do nosso país.

Interjovem/CGTP-IN