A empresa Dia Portugal, proprietária dos supermercados Minipreço, está a abdicar do serviço externo de limpezas de lojas e informou que a limpeza vai passar a ser efectuada pelos operadores de supermercado. O sindicato apela aos operadores que se recusem a desempenhar aquela função que não lhes compete nem faz parte do descritivo da sua profissão.
Comunicado do CESP aos trabalhadores da DIA Portugal:
O CESP (Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal) aproveita em primeiro lugar para saudar todos os trabalhadores da empresa DIA Portugal, pela sua firmeza e dedicação às populações num difícil momento em que se mantiveram nos seus locais de trabalho, garantindo um serviço essencial à sociedade.
Um momento difícil, que se mantém, mas que não é para todos, e que nem todos estão a viver da mesma maneira.
A DIA Portugal, apesar do crescimento de 9% no primeiro trimestre, continua a insistir numa política de salários de miséria para os seus trabalhadores. É chocante ver que o reconhecimento pelos trabalhadores que diariamente colocam em risco as suas vidas e das suas famílias é um aumento salarial discriminatório, baseado num sistema de avaliações comprovadamente injusto e manipulável, na média dos 0,7%!
É esta a recompensa, mais uma vez, a quem cria fortunas, a quem é “indispensável” num dia e apenas um número no outro.
É, mais do que nunca, tempo de valorizar o trabalho e os trabalhadores da DIA Portugal e de todo o sector da grande distribuição!
É tempo de aumentar salários para todos os trabalhadores, de valorizar o trabalho, as carreiras e a antiguidade na empresa!
É tempo de aumentar o subsídio de refeição, que efectivamente o torne digno desse nome!
É tempo de horários de trabalho que permitam a conciliação da vida pessoal com a vida profissional!
É tempo de respeitar os representantes dos trabalhadores e iniciar processos de negociação assentes nas reivindicações dos trabalhadores que efectivamente produzam efeito na melhoria das suas condições de vida.
É tempo de a empresa dar passos significativos na melhora do ambiente vivido e no descontentamento sentido pelos trabalhadores.
Limpeza das lojas – Não é função dos operadores!
A empresa vai avançar com um projecto piloto em 5 lojas da zona sul e 5 lojas na zona norte de abdicar do serviço externo de limpezas de lojas.
Foi dada a informação aos trabalhadores que o serviço de limpeza vai passar a ser efectuado pelos operadores de supermercado a partir de segunda-feira, dia 13 de Julho, deixando de ser competência da empresa externa contratada para o efeito.
O CESP informa que esta função não faz parte do descritivo profissional dos operadores de supermercado e apela a todos que recusem a desempenhar estas funções!
Qualquer dia andamos a rebocar paredes, a soldar prateleiras ou a cozinhar refeições!
Cada trabalhador com a sua profissão, conforme a sua formação e competências! Além de ser mais uma função, que sobrecarrega ainda mais os trabalhadores, não podemos também aceitar a responsabilidade da eliminação destes postos de trabalho.
Transferência de trabalhadores entre armazéns – Mais que irresponsabilidade e má gestão, é uma falta de consideração pela saúde dos trabalhadores e pelas suas famílias
A DIA Portugal transferiu temporariamente trabalhadores entre armazéns para, supostamente, fazer face ao acréscimo de trabalho durante o Verão.
Em primeiro lugar, não percebemos porque não contratam mais trabalhadores para suprir dificuldades resultantes deste acréscimo. Assim como não compreendemos porque ao longo dos anos houve tantos e tantos trabalhadores com provas dadas que foram despedidos ou se despediram por não verem o seu trabalho reconhecido e valorizado.
Em segundo, é uma clara demonstração da consideração que a DIA Portugal tem pelos seus trabalhadores e respectivas famílias: no meio de uma pandemia, em que todos os cuidados relativos a distanciamento e deslocações são poucos, esta empresa transfere trabalhadores de um local onde já houve casos confirmados e outros em vigilância para outro sem histórico de infectados, sem qualquer exame ou despiste da doença.
A luta é o caminho!
O CESP está, como sempre esteve, ao lado dos trabalhadores e na linha da frente na luta pela conquista de melhores condições de vida e salário para todos e, especialmente nesta altura, na exigência de garantias na protecção da segurança e saúde dos trabalhadores em cada local de trabalho.
Exigimos respeito pelas reivindicações aprovadas e apresentadas no caderno reivindicativo, ao qual continuamos a exigir respostas à empresa.
Estamos e estaremos disponíveis para lutar, quaisquer que sejam as formas de luta possíveis que os trabalhadores aprovem.
Unidos somos mais fortes!