O sindicato e a sua federação - a FESAHT - têm vindo a insistir, ao longo dos anos, junto das associações patronais (AIHSA, AHETA, AHP, AHRESP, APHORT, APC, etc), da Região de Turismo do Algarve, dos Governos e das empresas, para a necessidade e urgência do aumento geral dos salários e do cumprimento e melhoria dos direitos dos trabalhadores do sector do Turismo.
Temos apresentado propostas, mas a resposta dos patrões tem sido a chantagem para, em troca de um mísero aumento salarial, que não permitiria a reposição do poder de compra dos trabalhadores, retirar-lhes ainda mais direitos, como a redução do pagamento do trabalho prestado em dias feriado, a desregulação ainda maior dos horários de trabalho e a eliminação do pagamento de horas extras com a introdução da adaptabilidade e horários concentrados, entre outros direitos duramente conquistados pelas anteriores gerações de trabalhadores. Á “boleia” da política de direita, imposta pela União Europeia, com o apoio de PS, PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega, o patronato do sector Turismo tem em marcha uma estratégia para continuar a aumentar ainda mais a exploração, para continuar a aumentar os lucros e a apropriar-se cada vez mais da riqueza que é produzida por quem trabalha.
O custo de vida e as desigualdades sociais estão a aumentar brutalmente, por um lado, devido ao aproveitamento que o patronato e os donos dos grandes grupos económicos fizeram da pandemia, e agora estão a fazer da guerra e das sanções, e por outro, devido à recusa do Governo em adoptar uma política de valorização dos salários e das pensões, indispensável para podermos fazer face ao brutal aumento dos preços dos bens e serviços essenciais. A atitude dos patrões e do Governo PS está a empurrar cada vez mais trabalhadores e suas famílias para a pobreza. Sem uma mudança da atitude patronal na mesa das negociações, que permita a melhoria dos salários e dos direitos, continuaremos a ser atingidos pelo aumento da exploração e pelo agravamento das condições de vida.
Ao invés de “abrir corredores” para facilitar a angariação de mão-de-obra barata e fácil de explorar, o que é preciso e urgente é uma mudança de política que promova a negociação colectiva entre os patrões e os sindicatos da CGTP-IN, que valorize os salários, carreiras e profissões, que regule e diminua os horários para permitir a conciliação do trabalho com a vida pessoal e familiar, a par de uma política que trave o aumento do custo de vida e que facilite o acesso a uma habitação condigna.
O Sindicato da Hotelaria do Algarve vai intensificar as acções de protesto e de contacto com os trabalhadores para apelar à sua união e acção organizada para exigir aos patrões e ao Governo uma vida digna. Vamos lutar nas empresas e na rua, para reclamar um aumento salarial mínimo de 90€ e do SMN para os 850€; o pagamento do trabalho prestado em dia feriado com o acréscimo de 200%; a redução do horário de trabalho para as 35h semanais, sem perda de retribuição; o fim da precariedade dos vínculos laborais, pela estabilidade no emprego e na vida; horários estáveis sem adaptabilidade, horários concentrados ou banco de horas; dois dias de folga seguidos e 25 dias úteis de férias; a valorização das profissões e a progressão nas carreiras; o respeito do direito ao exercício da actividade sindical na empresa.
Fonte: Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Algarve