Nas empresas da indústria farmacêutica e da fabricação de material eléctrico e electrónico, onde predominam multinacionais cujos lucros não pararam de crescer, há condições para aumentar os salários e satisfazer outras reivindicações, aprovadas pelos trabalhadores e colocadas pela Fiequimetal para negociação.
Esta mensagem, com uma afirmação de que a luta poderá alargar-se e intensificar-se, foi levada às sedes das associações patronais daqueles sectores, num «roteiro» realizado por cerca de duas centenas de representantes dos trabalhadores, que desfilaram em Algés e em Lisboa.
Um aumento salarial de 90 euros para todos os trabalhadores, a valorização das carreiras profissionais e a melhoria das condições de trabalho, especialmente nos regimes de turnos, são as principais reivindicações comuns.
Organizado no âmbito da Acção de Luta Nacional que a CGTP-IN está a levar a cabo, o «roteiro» começou com um desfile, a meio da manhã, em Algés, para a sede da Apifarma (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica).
Aqui foi aprovada uma moção, entregue em mão a dois representantes patronais, a quem foi salientada a necessidade do aumento dos salários para valores superiores aos que foram aceites por outras estruturas.
Foi ainda sublinhada, pelos dirigentes sindicais, a importância da urgente implementação do Regulamento do Trabalho por Turnos.
Na moção, assinala-se que o sector da produção de produtos farmacêuticos continua a ser um sector em crescimento, com resultados financeiros positivos cada vez maiores e com uma história de acumulação de lucros colossais. Os lucros desse sector não pararam de crescer, mesmo em tempos de pandemia.
Como exemplo, são referidos os dados das 21 empresas que integram a Direcção da Apifarma, nos cargos de presidente, vice-presidentes, tesoureiro, vogais e supletivos: acumularam lucros de 176 milhões de euros em 2019 e 2020.
Estas empresas têm todas as condições para valorizar dignamente os salários de todos os trabalhadores e responder às demais reivindicações, traduzidas nas propostas da Fiequimetal.
De tarde, os representantes dos trabalhadores deslocaram-se à sede da Associação Portuguesa das Empresas do Sector Eléctrico e Electrónico (ANIMEE), onde foi exigida a negociação das reivindicações apresentadas formalmente em meados de Fevereiro.
Simbolizando o protesto contra o boicote patronal das negociações, foi de novo entregue a Carta Reivindicativa Nacional dos trabalhadores deste sector.
No documento, são recordados os resultados líquidos de milhões de euros, repetidos nos últimos anos. Em 2020 e 2021, perante os efeitos da COVID-19, as empresas receberam colossais verbas públicas, em medidas como o «lay-off simplificado» e os «apoios à retoma».
Os trabalhadores continuaram a sofrer discriminações, elevados ritmos de trabalho e baixos salários.
Embora seja um sector de ponta, a remuneração dos trabalhadores afastou-se ainda mais daquilo que, em média, é praticado na União Europeia e aproximou-se dos valores do salário mínimo nacional.
Nas reivindicações constam ainda, entre outras: a redução e valorização da carreira de Operador Especializado; o fim das discriminações no pagamento de diuturnidades e na atribuição de prémios sem regulamentação; contratos efectivos para todos os trabalhadores em postos de trabalho permanentes; redução do horário para 35 horas semanais.
Fonte: FIEQUIMETAL