Mais de 90% de adesão
41 cantinas encerradas
3 a funcionar, parcialmente
Não foram servidas mais de 6 mil refeições
Realizou-se hoje uma greve dos trabalhadores da Eurest que trabalham nas cantinas escolares da Camara Municipal do Porto, contra a precariedade e por melhores condições de vida e de trabalho.
A greve teve uma elevada adesão, tendo-se registado mais de 90% de adesão dos cerca de 200 trabalhadores das escolas do município do Porto.
Devido à elevada adesão, estiveram encerradas 11 cantinas de confeção e 31 cantinas de refeições transportadas, tendo funcionado parcialmente apenas 3 cantinas. Não foram servidas mais de 6 mil refeições.
Os trabalhadores em greve concentraram-se junto à Câmara Municipal do Porto para exigir que a autarquia exerça as suas atribuições e competências e obrigue a empresa a cumprir o caderno de encargos, a Lei e a contratação coletiva.
Os trabalhadores aprovaram uma moção que foi entregue à Câmara Municipal do Porto e pedida uma reunião, bem como a mesma moção foi enviada à empresa a quem foi pedida também uma reunião.
O sindicato tomou conhecimento que os Agrupamentos da Torrinha, Castelos Fontinha e Conservatório de Música do Porto aconselharam os pais dos alunos a trazerem sandes para substituir o almoço de amanhã.
Ora, em primeiro lugar este comportamento das escolas é ilegal e visa desvalorizar o direito à greve, esvaziar o impacto da greve e põe em causa o direito à saúde e segurança a alimentar das crianças, uma vez que a refeição principal é constituída por uma sopa, prato de peixe ou carne, sobremesa e lanche de tarde. O sindicato denunciou publicamente tal situação, bem como junto da Câmara do Porto e direções escolares, tendo exigido a reposição da legalidade.
Moção
aprovada pelos trabalhadores da Eurest em greve concentrados à frente da Câmara Municipal do Porto, no dia 3 de junho de 2022.
Considerando que:
- O sindicato solicitou uma reunião à Eurest para analisar a situação social dos trabalhadores das cantinas escolares do Porto, mas a Eurest nem se dignou a responder;
- Os trabalhadores das cantinas escolares estão expostos a grandes níveis de precariedade, pois mais de 90% são precários;
- Há falta de trabalhadores nas cantinas e ritmos de trabalho muito intensos;
- A Eurest paga salários muito baixos;
- Há trabalhadores que, devido a trabalharem poucas horas e os salários serem baixos, não ganham sequer para pagar os transportes;
- Muitos trabalhadores não estão classificados de acordo com as funções que exercem;
- A Eurest deixou de ter encarregados e despenseiros, mesmo em cantinas que confecionam ou servem um número elevado de refeições, violando as normas do CCT aplicável;
- Os trabalhadores não são valorizados na sua carreira, estão estagnados nas categorias profissionais em que foram contratados, pois não existe progressão na carreira;
- A associação patronal AHRESP bloqueia a negociação da contratação coletiva ao pretender uma retirada brutal de direitos e ao oferecer salários miseráveis que não podemos aceitar.
Assim, os trabalhadores da Eurest em greve concentrados à frente da Câmara Municipal do Porto, dia 3 de junho de 2022, exigem:
- Contratação direta de todos os trabalhadores pela Eurest, sem qualquer recurso a empresas de trabalho temporário;
- Passagem ao quadro de todos os trabalhadores contratados a termo, exceto os que estejam a substituir trabalhadores com o contrato suspenso devido a doença, acidente de trabalho ou outros;
- Horário completo de 40 horas semanais para os trabalhadores das cantinas de confeção e, carga horária mínima de 4 horas diárias e 20 horas semanais para os trabalhadores das cantinas transportadas;
- Aumento salarial de 100 euros para os trabalhadores com a categoria de cozinheira e de 50 euros para os demais trabalhadores;
- Contratação de trabalhadores com a categoria de despenseiro e encarregado para todas as cantinas de confeção;
- Reclassificação de todos os trabalhadores de acordo com as funções que efetivamente exercem;
- Reclassificação das cozinheiras de 2.ª com mais de 3 anos de antiguidade, ainda que interpolados, como cozinheiras de 1.ª;
- Cumprimento do caderno de encargos e do CCT em vigor;
- Reforço dos quadros de pessoal para pôr fim aos ritmos de trabalho intensos;
- Fornecimento de calçado e fardamento adequado;
- Melhores condições de segurança e saúde no trabalho.
Fonte: Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte