Finalmente iniciou-se ontem, no Grupo EDP, a negociação salarial para 2022, com uma reunião onde o presidente executivo mostrou preocupação com os problemas dos trabalhadores - preocupação desmentida depois numa proposta de aumentos de meio por cento.
O facto de as duas posições não condizerem é salientado pela Fiequimetal, numa informação para os locais de trabalho.
Efectivamente, na intervenção do presidente do CAE, Miguel Stilwell de Andrade, foi realçada a preocupação da administração com os problemas que afectam os trabalhadores.
Preocupações desmentidas
No entanto, na segunda parte da reunião, a posição da administração já não pareceu ir de encontro a tais preocupações.
Alegando que a produtividade em Portugal é negativa, que a média salarial na EDP é superior à do País e que, nos últimos cinco anos, a empresa garantiu um aumento salarial acima da inflação, a administração apresentou uma proposta de aumento salarial de 0,5 por cento.
A Fiequimetal não aceita estas desculpas patronais e contrapõe que, justamente, para aumentar a produtividade, é necessário valorizar os salários.
A actividade manteve-se nas várias vertentes e os trabalhadores sentem na pele os sucessivos aumentos do custo de vida (combustíveis, bens essenciais, etc.).
Por outro lado, nestes últimos cinco anos, o valor do salário mínimo nacional aproximou-se do salário mais baixo da tabela remuneratória da EDP, por efeito da necessária, desejável e, mesmo assim, insuficiente subida do SMN, e fruto da intransigência da administração na recusa de aumentos mais significativos.
Numa empresa que, nos últimos cinco anos, apresenta lucros acumulados de 5500 milhões de euros, a administração não pode afirmar que os trabalhadores são o centro das preocupações e apresentar propostas que desmentem essa afirmação.
Matérias pendentes
A Fiequimetal lançou, na reunião, o repto para que a administração respondesse às propostas sindicais em relação a matérias que ficaram pendentes de negociação no ano de 2021, prejudicando muitas centenas de trabalhadores. Em causa estão o subsídio de disponibilidade, a avaliação de desempenho e as progressões nas carreiras.
O presidente do CAE respondeu que a administração estará na disposição de negociar essas matérias em paralelo com a tabela.
Espera-se que a administração reformule a sua posição até à próxima reunião, marcada para o próximo dia 9.