FNAC persiste em recusar valorizar o trabalho e os trabalhadores

A Luta terá de se intensificar

No passado dia 14 de Maio, o CESP reuniu com a FNAC para discutir o aumento dos salários de todos os trabalhadores

Mais uma vez, a FNAC afirma que aumentar todos os trabalhadores não é justo, e que os aumentos têm de ser em resultado das avaliações de desempenho. Segundo a empresa, esta é a única forma justa de valorizar o “empenho”.

A verdade é que:

38% dos trabalhadores da FNAC recebem o Salário Mínimo Nacional (SMN)

90% dos trabalhadores da FNAC recebem até 680€

Na FNAC, um trabalhador com 8 ou mais anos de antiguidade recebe mais 15€ que o SMN

Em 2020, não houve aumentos dos salários da generalidade dos trabalhadores da FNAC

FNAC coloca trabalhadores ao nível do salário mínimo nacional (SMN)

- Eram poucos os trabalhadores da FNAC que recebiam o SMN. Nesse ano, o operador especializado recebia, pelo menos, 140€ acima do SMN. A ter-se mantido a diferença, nenhum trabalhador com mais de 8 anos de antiguidade na FNAC poderia receber abaixo de 805€.

- A FNAC decidiu criar uma tabela interna com 3 níveis de salário base para os trabalhadores com funções de operadores na FNAC - até 3 anos; dos 3 aos 8 anos e mais de 8 anos.

- A FNAC recusa alterar a tabela interna, fazendo com que muitos trabalhadores com menos de 8 anos de FNAC passassem a receber o SMN.

Relativamente à progressão nas carreiras (ou melhor, à falta de progressão das mesmas), a larga maioria dos trabalhadores, neste momento, está incluído em apenas duas categorias, operador com mais ou menos de 8 anos de FNAC.

Restam os trabalhadores com cargos de chefia como os VQ’s, supervisores, assistentes, responsáveis de departamento e de loja que, também muitos deles, não vêm o seu trabalho devidamente valorizado com um aumento do seu vencimento base.

Em 10 anos, a perda de poder de compra destes trabalhadores é enorme. Não há qualquer preocupação da FNAC em valorizar os seus trabalhadores e a sua qualificação.

VIM’s injustas

É urgente a alteração da Variável Individual Mensal (VIM), repondo critérios existentes no passado que valorizavam de forma mais justa todos os trabalhadores

Continua a existir uma grande diferença entre as VIM’s de departamento para departamento e de loja para loja. Conforme a loja ou departamento onde o trabalhador labora, a VIM é consideravelmente diferente, variando entre meros cêntimos a centenas de euros.

Esta situação é muito discriminatória de um conjunto de trabalhadores, que “são” a cara e a imagem da FNAC.

É urgente que a empresa repense a VIM e os seus critérios, encontrando formas de equilíbrio entre todos os trabalhadores.

Não podemos aceitar que dentro de uma mesma loja haja trabalhadores a receber cêntimos e outros a receber centenas de euros.

À boleia da pandemia, FNAC desregula horários de trabalho...

A FNAC sabe que é obrigada a comunicar os horários de trabalho a todos os trabalhadores com 30 dias de antecedência.

Da mesma forma, sabe que está obrigada a cumprir os horários de trabalho que comunica aos seus trabalhadores.

As práticas reiteradas ao longo dos anos de trocas sucessivas (na maioria das vezes, feitas como se de um pedido do trabalhador se tratassem) são um atropelo ao direito de todos os trabalhadores de conciliarem a sua vida pessoal e familiar com a sua vida profissional.

As regras existem e são para ser cumpridas.

Nenhum trabalhador é obrigado a aceitar alterações aos seus horários de trabalho e as alterações, mesmo que comunicadas com 30 dias de antecedência, que alterem o regime de descanso semanal do trabalhador têm sempre de ter o acordo escrito do trabalhador

É fundamental que todos façamos cumprir os nossos direitos. Não pode valer tudo! FNAC tem de respeitar todos os direitos dos trabalhadores!

... e agrava polivalência de funções

A FNAC, que sempre se vangloriou por ter trabalhadores especializados nas áreas e departamentos em que cumprem funções, adoptou uma nova postura.

Os trabalhadores têm de ser bons em tudo. Com isto, estão a acabar com as equipas de trabalho colocando todos os trabalhadores no mesmo mapa de horário, exigindo que os trabalhadores presentes na loja dêem resposta a todas as necessidades.

O que a FNAC não diz é que reduziu drasticamente o número de trabalhadores em cada loja e que está a “obrigar” os seus trabalhadores a fazer “omeletes sem ovos” para dar resposta a todas as solicitações.

FONTE: CESP