Governo deve apoiar diretamente os trabalhadores e não o patronato

hotelaria porto concentraçãoPara a Federação dos Sindicatos de Hotelaria é tempo de o Governo do PS apoiar os trabalhadores directamente, porque as vítimas são estes e não aqueles que tiveram elevados proveitos durante muitos anos à custa do aumento exponencial do turismo e da exploração de quem trabalha. A Federação entende que, pontualmente, devem ser aprovadas medidas destinadas às Micro e Pequenas Empresas que tenham em vista a garantia dos postos de trabalho.

Comunicado de imprensa da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal:

GOVERNO DEVE APOIAR DIRETAMENTE OS TRABALHADORES DA RESTAURAÇÃO, BEBIDAS E ALOJAMENTO E NÃO O PATRONATO POIS ESTE NÃO REVERTE O APOIO PARA OS TRABALHADORES

Os trabalhadores da restauração, bebidas, similares e do alojamento têm sido os mais afetados pela pandemia e continuarão a ser por um largo período os mais afetados pela crise económica e social profunda, inclusive, pelas alterações organizacionais dos horários, métodos nas empresas, e hábitos adquiridos pelas populações e povos durante a resposta à pandemia.

Desde o início da pandemia que milhares de trabalhadores deixaram de receber o seu salário, viram os seus direitos serem postos em causa, viram os seus rendimentos reduzidos drasticamente, incluindo o direito a tomar as suas refeições em espécie, como está regulado na contratação coletiva em vigor.

Milhares de trabalhadores foram despedidos de forma ilícita, pois viram os seus contratos de trabalho cessar, foram abandonados pelo patronato à sua sorte, que deixou de lhes pagar o salário, reduziu drasticamente direitos e rendimentos.

Neste tempo de pandemia e com a chamada retoma da atividade, o patronato agravou a situação social na restauração, bebidas e alojamento, designadamente com redução dos direitos, salários em atraso, jornadas de trabalho diário de 10, 12 e 14 horas diárias, trabalho não declarado ou trabalho clandestino.

Para a FESAHT é tempo do Governo do PS, apoiar os trabalhadores diretamente, porque as vítimas são estes e não aqueles que tiveram elevados proveitos durante muitos anos à custa do aumento exponencial do turismo, de hóspedes, dormidas, receitas e da exploração de quem trabalha.

Os estabelecimentos de restauração, bebidas e alojamento não são a fonte principal de surtos da covid 19, quando respeitam as regras emanadas pela DGS.

As medidas de apoio anunciadas para compensar as perdas dos trabalhadores, são insuficientes para fazer frente aos prejuízos causados pelas decisões do Governo.

Admite, a FESAHT que, pontualmente, devem ser aprovadas medidas destinadas às Micro e Pequenas Empresas que tenham vista a garantia dos postos de trabalho.

Contudo, são necessárias medidas que proíbam os despedimentos, é preciso pôr fim ao escândalo dos despedimentos coletivos que os grandes grupos económicos e multinacionais estão a desenvolver como é exemplo a Eurest.

As medidas anunciadas pelo Governo não dão resposta aos principais problemas que afetam o sector.

Não é com a proibição de estar aberto ao público que se responde à necessidade de proteger a saúde e a vida das populações e que se protege o emprego.

Aquilo que é exigível é manter os estabelecimentos abertos com regras de segurança e garantir que existam transportes públicos em condições sanitárias para quem tenha que ir trabalhar sem correr riscos ou no mínimo diminuir o risco.

A FESAHT não acompanha os protestos dos patrões da restauração, bebidas e alojamento que reclamam apoios ao governo das nossas contribuições, quando sabemos que estes apoios não revertem para manter o emprego, os direitos e os salários dos trabalhadores.

O 25 de Abril, e os direitos, práticas sindicais e os valores deles decorrentes quebraram esta tendência. Todavia, tem havido regressão e enfraquecimento desses valores e hoje emergem em Portugal forças populistas e fascistas organizadas que vieram para ficar e já realizam ações de massas com impacto público e continuarão a fazê-lo.

As recentes manifestações dos patrões contra as medidas do governo (objetivamente justas numa perspetiva de classe) em que que já vimos trabalhadores a participar podem ser facilmente induzidas nos trabalhadores como sendo do interesse comum trabalhadores/patrões já que se destinam a protestar contra o encerramento dos estabelecimentos, logo, também, a defender os postos de trabalho.

A FESAHT durante o período de pandemia apresentou ao governo diversas medidas para combater os problemas que afetam os trabalhadores dos sectores por si representados e que o atual agravamento torna mais premente a sua aprovação para uma resposta aos trabalhadores que vivem tempos muito duros e difíceis.

Não podem ser mais uma vez os trabalhadores as primeiras vítimas das dificuldades económicas decorrentes duma situação de crise, sem antes serem responsabilizados aqueles que ao longo dos anos têm beneficiado da riqueza produzida pelo trabalho.