Nada justifica despedimentos na Volkswagen Autoeuropa

20160713Autoeuropa arquivo FIEQUIMETALO SITE Sul não aceita que a VW Autoeuropa se prepare para não renovar o vínculo com cerca de 120 trabalhadores contratados a prazo, quando a fábrica lhes dá formação e toma outras medidas a prever aumento da produção. O sindicato comenta ainda o surgimento de um caso de COVID-19.

A contestação do despedimento foi hoje divulgada aos trabalhadores, num comunicado distribuído esta tarde na empresa.

Uma reunião com a administração, pedida pelo SITE Sul, está marcada para dia 23.

Sinais contrários

O SITE Sul e a sua Comissão Sindical na VW Autoeuropa foram confrontados com o facto de haver trabalhadores contratados a prazo, maioritariamente da área das carroçarias (body), que foram informados pela empresa de que não iria renovar os seus contratos de trabalho, nem os iria passar a efectivos.

Mas esta comunicação contraria a prática mais recente da empresa, como se refere no documento.

A administração retomou o horário AE19, após a paragem das férias de Verão, argumentando que é preciso recuperar a produção do T-ROC e salvaguardar o emprego.

Já sabia que o modelo Sharan/Alhambra ia ter uma quebra até final de 2020. Mas agora, a justificar este despedimento, invoca uma redução da produção, com a intenção de pôr na rua cerca de 120 trabalhadores contratados a prazo, que estão a ganhar formação e que serão necessários no futuro, para dar continuidade aos bons resultados desta unidade fabril de referência no sector automóvel.

Face à retoma do horário AE19, à desmarcação de dias de férias colectivas (3 e 4 de Outubro) e ao recurso a trabalho extraordinário já anunciado para o feriado (5 de Outubro) devido ao aumento da produção, nada justifica o despedimento, a não ser o aumento do lucro à custa do sacrifício dos trabalhadores e respectivos postos de trabalho, porque os ritmos trabalho continuam a ser intensos e inaceitáveis, degradando ainda mais a saúde dos trabalhadores que ficam nas linhas de produção.

E os apoios públicos?

Como o sindicato afirmou, a administração com o apoio do Governo e a pretexto da pandemia de COVID-19, serviu-se da Segurança Social, contribuindo para a sua descapitalização, recorrendo ao lay-off simplificado (com dinheiro dos trabalhadores) e usufruiu dos benefícios dados para situações de crise empresarial.

Mas agora quer deixar estes trabalhadores no desemprego, num contexto social altamente complexo, depois de eles terem contribuído para o sucesso da empresa.

Que resposta a um caso positivo de COVID-19?

O sindicato teve conhecimento de que houve um trabalhador da área das carroçarias, zona do Underbody Sharan, que no domingo passado, ou já na segunda-feira, acusou positivo no teste da COVID-19, mas tinha estado a trabalhar com sintomas desde dia 11, sexta-feira.

O trabalhador desloca-se no autocarro da empresa e frequenta o refeitório, trabalha directamente numa equipa de 10 pessoas, mas também assegura a rotação do tempo de refeição e pausas na linha do T-ROC, noutras equipas.

Face a esta situação, numa nota publicada na sua página no Facebook, o SITE Sul afirma que a empresa não está a cumprir as normas da DGS, segundo as quais quem esteve em contacto com o trabalhador que acusou positivo devia estar em isolamento profilático até fazer o teste e ter o resultado.

O sindicato estranha que a empresa, em vez de prevenir uma possível fonte de contágio, coloque as chefias e o departamento médico a afirmarem que, pelo facto de os outros trabalhadores usarem máscara, a protecção é da ordem dos 90 por cento, e a responderem que o teste é facultativo e que não se sabe bem quem o paga.

O sindicato escreveu à administração da Autoeuropa e exigir medidas, comunicou a situação também à DGS e pediu a sua intervenção.

FONTE: FIEQUIMETAL