A CP está a enviar material ferroviário para reparação em Espanha, nomeadamente, bogies e rodados, enquanto no Entroncamento tem uma oficina de rodados e bogies com uma acentuada quebra de trabalho por falta de material. “Não podem existir bloqueios e outros “interesses” externos (...), pois o know how está cá, a disponibilidade está cá, só o trabalho não está cá por decisão exclusiva da CP”, considera o Sindicato dos Trabalhadores do Sector Ferroviário.
Informação do SNTSF - Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário:
E a empresa... está com os trabalhadores?
Nos últimos tempos tem sido veiculado pelo governo, para a comunicação social aquilo que é defendido pelo SNTSF há vários anos, que existem condições para que a reparação e recuperação e até construção dos comboios seja efectuada por trabalhadores da CP e nas oficinas da empresa.
Para isso também defendemos ter que existir investimento de continuidade na aquisição de equipamentos, ferramentas, melhoria das infraestruturas e na contratação e formação de trabalhadores e salários dignos para todos.
A recuperação de material que estava ao abandono e ou encostado a servir de stock é uma medida de gestão da frota a fim de aumentar a oferta e diminuir, até ser anulada, a dependência de terceiros. Esta recuperação tem demonstrado que os trabalhadores estão com a empresa.
Contudo, a titulo de exemplo, sabemos que no Entroncamento, na oficina de Rodados e Bogies, se tem verificado uma acentuada quebra de trabalho, ao mesmo tempo que se acumulam Rodados “em lista de espera” por falta de material, que por sua vez nem encomenda desses materiais existe por parte da logística.
Para o SNTSF é incompreensível essa falta de material, e sabemos que a Empresa podia colocar os trabalhadores a reparar outras unidades, falamos concretamente das unidades UQE 3500. É inadmissível que a CP, com o know how reconhecido aos seus trabalhadores, esteja a enviar material, nomeadamente, Bogies e Rodados, para Espanha a fim de serem reparados, contrariando as informações que são transmitidas à opinião pública, factualidade que não podemos deixar de considerar como uma política de má gestão, entregando a países terceiros trabalhos que poderiam ser desempenhados por trabalhadores da CP, isto numa altura que é proclamado que temos de dinamizar a economia nacional.
Não pode existir bloqueios e outros “interesses” externos e não encontramos lógica para esta situação, pois o know how está cá, a disponibilidade está cá, só o trabalho não está cá por decisão exclusiva da “CP”.
Mais incompreensível e bizarro se torna o facto de por vezes terem de ser os próprios trabalhadores da CP a ter de transmitir o conhecimento para outros executarem o trabalho que lhe competia fazer.
Os Rodados e os Bogies que foram enviados para Espanha a fim de serem reparados, chegaram à oficina do Entroncamento no início do mês, após quase um ano de espera. Questionamos, será que o contrato celebrado previa tanto tempo de espera? Não poderiam os trabalhadores da CP realizar o mesmo trabalho, em menos tempo, com igual ou maior qualidade e menores custos, elevando o nível de empregabilidade e dinamizando a economia do nosso país? O certo é que a CP está constantemente a contratar prestadores de serviços para colmatar falhas, quando possui a capacidade para o exercer essas funções a nível interno. Esperemos sinceramente que os Bogies de UTE 2240 não sigam o mesmo caminho.
Dirigimos um ofício ao Presidente do Concelho de Gerência da CP com este tema de forma ver esta situação “interna” ultrapassada e para que as palavras passem aos actos e as decisões não fiquem por concretizar na defesa de todos os trabalhadores Ferroviários e da CP como empresa pública ao serviço do país.