Perante os episódios negativos para a companhia que vieram a público na semana passada, “ o Sitava - Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos considera que “falta cada vez mais uma voz de comando” na TAP e que a empresa tem que ter controlo público na sua gestão.
Comunicado do Sitava - Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos
FALTA CADA VEZ MAIS UMA VOZ DE COMANDO
Assistimos, novamente na última semana, a mais um lamentável episódio de “politiquice”, esta ao jeito da guerra civil americana, com nortistas, sulistas e para lhe conferir até uma nota de originalidade também alguns centristas.
Foi uma triste semana em que a nossa companhia de bandeira serviu de arma de arremesso,
tentando cada um dos contendores gritar mais alto que o outro, até que se ouviu uma voz de comando, a do acionista maioritário e aí, pensamos nós, todos os “beligerantes” deram conta do ridículo que haviam protagonizado.
Com mais este triste episódio, ficou ainda mais claro que a nossa companhia anda um bocado à deriva. É comum dizer-se que não se substituem generais durante as batalhas. Sábias e sensatas palavras estas, mas não é o que se passa na TAP.
Já no início do mês de março, num dos mais importantes setores da companhia, a direção de “Revenue & Network”, por onde terá que passar muita, senão toda a
retoma de voos que devolvam a vida à companhia, tem sido alvo de autênticas diabruras perpetradas por novos responsáveis, certamente supercompetentes, recrutados noutras geografias, que iniciaram uma frenética operação de substitui, nomeia, “desnomeia”; mexe e remexe; avança e volta atrás, tudo isto com total falta de respeito pelos trabalhadores, pelos seus direitos, pelos seus horários de trabalho, pelas suas famílias e pasme-se, torpedeando tudo o que é legislação de trabalho.
Sim, legislação de trabalho. Lembramos que estamos em Portugal, país europeu, portanto um estado de direito, onde um dos ramos é o direito de trabalho.
Mas, para nosso espanto, isto é ainda mais insólito. Estes novos responsáveis, certamente supercompetentes com dissemos atrás, estão em Portugal com vistos provisórios e depois de mexerem e remexerem, e de terem instalado o caos neste setor vital para a empresa, voltam aos seus países porque os vistos de permanência expiraram, e dizem-nos que continuam a trabalhar para a TAP desde lá, naquela nova forma de trabalho descoberta agora com a pandemia, o teletrabalho. Então temos estrangeiros a trabalhar na TAP sem autorização de residência em Portugal? Como é tudo isto possível?
Mas ainda há mais. Soube-se, também na passada semana, que após ter sido noticiado o triste destino de mais uma companhia de aviação, a LATAM, desembarcou em Lisboa mais um “consultor” certamente, também supercompetente como os outros, que ao contrário deles, de quem nada se sabe quanto a salários e prémios, este parece que vem trabalhar “pro-bono”.
Mas a TAP é uma companhia aérea de um país europeu ou é uma chafarica de uma qualquer república de bananas? Se isto não fosse um assunto sério, seria até hilariante.
Vivemos todos num autêntico ambiente de consternação com o transporte aéreo quase totalmente paralisado, com cortes brutais nos rendimentos dos trabalhadores, com as dificuldades e a pobreza a instalarem-se. Por outro lado, fala-se cada vez com mais insistência que a retoma vais ser lenta e difícil.
Enquanto se assiste a tudo isto, o SITAVA, sindicato largamente representativo do pessoal de terra do grupo TAP, não pode deixar de mostrar uma crescente preocupação com o silêncio do Governo que, enquanto acionista maioritário, tem responsabilidades acrescidas nas operações de financiamento da empresa e na manutenção dos postos de trabalho, na sequência da crise que se instalou provocada pela pandemia.
Além disso, será bom não esquecer aquela que é também, e desde sempre, uma reivindicação do SITAVA. É agora o momento de corrigir o que foi mal feito em 2016, aquando daquela espécie de reversão da privatização. Sempre o dissemos, e reafirmamos, que o Grupo TAP por todas as características que tem como exportador, dinamizador do turismo, gerador de emprego e de receita para o estado, e sobretudo por ser também um instrumento da soberania nacional tem que ter controlo público na sua gestão.
Já tarda a tal voz de comando do acionista maioritário que irá colocar de novo o Grupo TAP ao serviço do país e da economia nacional, não podemos esperar mais.