Abertura da restauração: DGS ouviu patrões e ignorou trabalhadores

restauracao aberturaPara definir as condições de abertura da restauração, a Direção Geral de Saúde ouviu as associações patronais mas não os sindicatos, apesar de serem os trabalhadores que vão estar na linha da frente, expostos ao risco. As regras estão feitas apenas a pensar no lucro e nos clientes, esquecendo os trabalhadores, acusa a Federação dos Sindicatos da Hotelaria e Restauração.

Comunicado de imprensa da FESAHT:

SERVIÇO DE QUALIDADE, COM DISTANCIAMENTO SOCIAL, SEM LAY-OFF E COM OS DIREITOS DOS TRABALHADORES GARANTIDOS

Somos os únicos trabalhadores que trabalham com máscara e que atendem clientes que não vão usar máscara na maior parte do tempo que permanecem no estabelecimento, muitos dos trabalhadores vão continuar em lay-off, com perda de direitos, somos vítimas das regras da DGS/AHRESP, feitas apenas a pensar no lucro e nos clientes, esquecendo os trabalhadores, que são fundamentais em todo o processo.

Todos ouvimos a comunicação social a falar estes dias, a toda a hora, como vão abrir os restaurantes no dia 18 de maio, como vão ser colocadas as mesas, a que distância, o número de clientes por mesa, a forma de apresentar as ementas, o uso da máscara, a existência de desinfetantes, etc., tudo na ótica do negócio, do lucro e da defesa da saúde do cliente.

Ninguém fala dos trabalhadores, das suas condições de trabalho, como vão desenvolver a sua atividade profissional, nem como vão ser retribuídos, no momento em que Patrões pedem o prolongamento do lay-off simplificado, apenas para pagar menos e poder ter os trabalhadores, mesmo com horário ligeiramente reduzido, a fazerem prosseguir os seus negócios e os lucros.

Alguns patrões preparam-se para manter o tipo de serviço que vinham prestando, à inglesa direto, de proximidade, com os trabalhadores praticamente colados ao cliente (8/10cm) a retirarem as iguarias da travessa e colocar ao cliente. Este tipo e serviço não pode ser prestado neste tempo de pandemia pois, para além de colocar em causa, de forma grave, a saúde dos trabalhadores, cria desconforto e constrangimento ao cliente.

A Direção Geral de Saúde - que não ouviu os sindicatos, mas ouviu os patrões -, bem como as associações patronais, nada dizem nas suas publicações sobre o tipo de serviço a adotar.

O serviço que mantém distanciamento social e que garante mais qualidade e requinte é o serviço à inglesa indireto, que consiste no empratamento em carrinho próprio ou numa mesa próxima do cliente e a colocação do prato na mesa à frente do cliente, mantendo a travessa no carrinho, bem como o vinho e demais bebidas que vão sendo servidas conforme as necessidades do cliente.

O serviço que também mantém as distâncias é o serviço à americana, que é empratado na cozinha e que o trabalhador transporta e coloca na mesa à frente do cliente. Este serviço não resolve o problema das bebidas, porque não podem estar em cima das mesas.

No serviço à francesa, menos praticado, o trabalhador segura a travessa praticamente colado ao cliente, aguarda que este retire da travessa e coloque no seu prato as iguarias. Desaconselhável, pois põe em causa a saúde do trabalhador e pode constranger e criar desconforto ao cliente.

No chamado serviço à portuguesa, o trabalhador coloca a travessa na mesa e todos os convivas usam o mesmo talher para retirar a comida para o seu prato. As garrafas de bebidas são colocadas na mesa. Também não é aconselhável porque pode pôr em causa a saúde dos clientes ao usarem todos os mesmos talheres e as mesmas garrafas das bebidas.

No serviço à russa, de grande qualidade mas pouco praticado pela morosidade, o trabalhador transporta as peças em carrinho próprio até próximo da mesa do cliente, onde são trinchadas e colocadas à frente do cliente.

No serviço à brasileira, serviço em que se utiliza o rodizio, a iguaria vai assando, ao mesmo tempo que se cortam pequenas fatias e se vão servindo ao cliente. Este serviço também não é aconselhável pela grande proximidade ao cliente e porque as travessas e as garrafas são colocadas na mesa.

Concluindo, para proteger os trabalhadores e clientes e, garantir uma boa qualidade e requinte no serviço que prestam, os restaurantes devem optar pelo serviço à inglesa indireto, com o empratamento em carrinhos próprios ou mesas de serviço de apoio colocadas próximo do cliente, onde deverão também ser colocadas as bebidas para serem servidas conforme as necessidades ou interesse dos clientes.

FONTE: FESAHT