Perante as notícias da venda da Sousacamp, a maior produtora de cogumelos frescos do país, o SINTAB denuncia a discriminação de que são vítimas os trabalhadores que se opuseram ao despedimento e a falta de actuação da ACT. “Não podemos aceitar que a ACT se assuma, já sem quaisquer disfarces, como uma entidade “amiga” para as empresas”, afirma o sindicato.
Nota à Imprensa do Sindicato dos Trabalhadores da agricultura e das indústrias de alimentação, bebidas e tabacos de Portugal:
Venda da SOUSACAMP só será boa notícia se acabar com a discriminação de Trabalhadores
Desde fevereiro, altura em que o SINTAB denunciou a segregação dos Trabalhadores que recusaram a proposta de rescisão da empresa, e requereu uma ação inspetiva à ACT, nada mudou.
Esta semana, os Trabalhadores que haviam recusado a proposta de rescisão da empresa voltaram a ser discriminados e não foram convocados para uma reunião geral onde se apresentaram cenários de futuro.
No passado dia 28 de fevereiro, o SINTAB denunciou publicamente esta situação, solicitando intervenção da ACT, e identificando-a como inequívoca situação de discriminação, motivada por propósitos de oposição à reivindicação coletiva e liberdade de sindicalização, constituindo uma clara situação de assédio laboral, com vista a pressionar os Trabalhadores, tentando diminuir a sua autoestima, levando-os a aceitar a desvinculação proposta.
Infelizmente, a ACT nada fez, na linha do que se tem tornado hábito, não tendo uma única vez, nos últimos anos, elaborado relatório de qualquer ação inspetiva solicitada pelo SINTAB.
É ainda inadmissível que, na única vez em que os inspetores da ACT se dirigiram às instalações da SOUSACAMP, de entre as inúmeras solicitações, tenham chamado as Delegadas Sindicais para recolher informações em frente aos seus chefes, numa atitude clara de intimidação, tecendo ainda considerações de censura à luta dos Trabalhadores.
Não podemos aceitar que a ACT se assuma, já sem quaisquer disfarces, como uma entidade “amiga” para as empresas.
O SINTAB reforçou hoje a denúncia da triste situação que se prolonga na SOUSACAMP, na derradeira esperança de que, ao menos uma vez, os Trabalhadores lhes possam ver ser feita justiça.
As recentes notícias do agendamento dos trâmites finais da venda do Grupo SOUSACAMP terão de ser, obviamente, augúrio de bom prenúncio por anteciparem evidência de continuidade e viabilidade do futuro da empresa e dos postos de trabalho, mais ainda quando envolvem, desde já, outros agentes que não de interesse meramente financeiro e que se apresentam já conhecedores da indústria e mercado da alimentação.
Porém, as boas notícias efetivar-se-ão apenas se esta nova fase determinar, sem equívocos, o fim da atual, extremamente negra e atentatória dos direitos e da dignidade dos Trabalhadores, posta em prática por uma equipa de gestão de insolvência que, paga pelo Estado Português, deveria zelar pelo principal e mais valioso ativo que são os Trabalhadores.
FONTE: Sindicato dos Trabalhadores da agricultura e das indústrias de alimentação, bebidas e tabacos de Portugal