A mesma Galp Energia que para amanhã tem prevista distribuição de dividendos de mais de 300 milhões de euros, forçou o despedimento de 80 trabalhadores da manutenção e anunciou cortes na ordem dos mil milhões de euros. O SITE Sul apela à vigilância e exige acção pronta do Governo.
O sindicato, num comunicado distribuído ontem, manifestou grande preocupação relativamente à paragem da refinaria de Sines da Petrogal (a mais importante empresa do Grupo Galp Energia), programada para ter início no dia 4 de Maio.
A pandemia de COVID-19 trouxe um quadro de grande incerteza à vida de milhares de trabalhadores, fruto da insuficiência das medidas avançadas pelo Governo e do aproveitamento da situação por muitos patrões.
Nestes, o sindicato inclui a própria Petrogal, que no início de Março forçou o despedimento de 80 trabalhadores do contrato de manutenção da refinaria de Sines, incluindo um dirigente e um delegado do SITE Sul.
Vive-se uma situação de natureza sanitária e não económica, o que significa que a redução acentuada da procura de combustíveis será temporária e poderá ser mais, ou menos, prolongada em função das medidas de protecção do emprego e dos rendimentos dos trabalhadores que venham a ser adoptadas - nomeadamente, pelas grandes empresas, como a Petrogal, que têm grande capacidade financeira.
No caso da Galp Energia, esta capacidade ficará mais uma vez evidente amanhã, 24 de Abril, na prevista distribuição aos accionistas de dividendos relativos a 2019, para completar o valor de 577 milhões de euros (uma parcela de mais de 262 milhões foi paga em Setembro).
A Galp anunciou também cortes nos custos e investimentos, na ordem de mil milhões de euros, o que representa o inverso daquilo que deveria ser a prática de um dos principais grupos económicos do País na ajuda ao relançamento da economia, para o qual a criação de emprego deverá ser uma prioridade.
A distribuição de dividendos representa a retirada de centenas de milhões de euros do País e significa que não há forma de assegurar que esse valor seja investido em Portugal ou de garantir que não sirva para alimentar somente a especulação financeira.
Grave situação social
A situação social no Litoral Alentejano tem vindo a degradar-se de uma forma acelerada no último mês, com um número recorde de pedidos de subsídio de desemprego. O SITE Sul destaca a situação muito preocupante dos trabalhadores ultraprecários, com contratos ditos à hora, muitos dos quais não têm sequer direito a subsídio de desemprego e não contam para estatísticas.
Face ao histórico recente na refinaria de Sines, o sindicato apela a que os trabalhadores se mantenham vigilantes e não hesitem em contactar o SITE Sul, caso se verifiquem mais situações de despedimentos oportunistas.
Do Governo é exigida intervenção imediata, para reverter todos os despedimentos já ocorridos e para acompanhamento preventivo da situação laboral na refinaria, com o objectivo de impedir novos abusos.
FONTE: FIEQUIMETAL