Com uma clara afirmação de unidade, a greve na PSA Citroen, em Mangualde, no passado fim-de-semana, comprovou a insatisfação dos trabalhadores e a justeza da convocação da luta, que vai continuar, afirma o SITE Centro-Norte.
A direcção do sindicato e a comissão sindical, num comunicado que distribuíram ontem naquela unidade industrial, saúdam todos os trabalhadores que, das mais variadas formas, manifestaram o seu apoio e aderiram à greve à «bolsa de horas» e ao trabalho extraordinário, iniciada este fim-de-semana e convocada até final do ano.
Foi lamentável a posição da empresa, cujo porta-voz declarou à comunicação social que a laboração estava a decorrer dentro da normalidade, apesar de estar à vista de todos a manifestação de insatisfação dos trabalhadores.
De facto, para a empresa, ou pelo menos para o seu porta-voz, é normal os trabalhadores retomarem o trabalho sem decorrerem as 11 horas de descanso obrigatórias por lei; é normal haver trabalhadores a terem de assegurar dois turnos consecutivos (16 horas seguidas de laboração); é normal recrutar trabalhadores a empresas de trabalho temporário para fazer face a uma greve.
Sobre estes aspectos, o sindicato já solicitou a intervenção da ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho).
Reivindicações justas
Os trabalhadores exigem respeito pela conciliação da sua vida profissional com a familiar, pessoal e social. Contestam as constantes mudanças dos mapas laborais. Reclamam o direito a dois dias de descanso consecutivos (sábado e domingo). Exigem o fim das pressões e o respeito da jornada de 8 horas de trabalho.
A «bolsa de horas» já mostrou ser um instrumento que só beneficia a empresa e prejudica os trabalhadores, que deixam de ter controlo sobre o seu tempo.
Ocorrem situações de desgaste psicológico e físico dos trabalhadores, devido aos ritmos elevados de trabalho que são exigidos, sem cumprir o respectivo período de descanso.
PSA Mangualde não quer dialogar
Após os plenários de trabalhadores, realizados pelo SITE Centro-Norte a 16 de Novembro do ano passado, foi solicitada uma reunião à empresa, para discutir as situações reportadas pelos trabalhadores. Sem resposta, o sindicato, em Março, insistiu na necessidade da reunião. Só no dia 2 de Maio recebeu a resposta da empresa, a declinar a reunião solicitada.
Com estes factos, o sindicato desmonta as acusações patronais de falta de diálogo.
Porém, a direcção do sindicato mantém a disponibilidade para se reunir com a direcção da empresa, a fim de abordar os pressupostos constantes do pré-aviso de greve e não unicamente para o retirar, como pretendia a parte patronal.