A recuperação das dívidas ao NOVO BANCO não se pode sobrepor à garantia de manutenção do posto de trabalho de centenas de trabalhadores e, consequentemente, da viabilização do futuro das suas famílias.
Foi apresentada, no passado dia 5 de junho, em assembleia de credores no tribunal de Vila Flôr, uma proposta de recuperação do grupo Sousacamp, detentor de cerca de 90% do mercado nacional de cogumelos, que conta com 5 fábricas em Portugal e duas em Espanha, e emprega mais de 500 pessoas.
Naturalmente valorizamos a inversão do sentido de evolução do negócio, que em pouco tempo passou do definhamento contínuo sob erros de gestão e más decisões de investimento do anterior acionista e administrador, para uma perspetiva clara de recuperação económica e operacional, fruto da exemplar conduta do administrador de insolvência, plena de audácia e combatividade que agora culmina com a apresentação da referida proposta de recuperação.
A proposta apresentada aos credores no passado dia 5 de junho assenta principalmente na aquisição da empresa por parte de um consórcio composto por um empresário Belga da área da produção de substrato e composto para produção de cogumelos, juntamente com um empresário Espanhol, munido de garantias de fornecimento de meios e conhecimento por parte de uma empresa Brasileira da área da produção de produtos hortícolas.
Tal como o SINTAB havia dado nota anteriormente, é preocupante esta contínua descapitalização do setor produtivo nacional, que atira o país para a completa vulnerabilidade e dependência de interesses estrangeiros em setores estratégicos como o da agricultura nacional.
Esta preocupação agudiza-se, porém, na medida em que a proposta de recuperação da empresa, em toda a sua formulação, se debruça unicamente na explicação da forma de cumprimento com as obrigações financeiras, dissertando sobre possibilidades na forma e quantificação da liquidação de dívidas, sem que, sob qualquer circunstância se refira à manutenção da operação produtiva e manutenção dos postos de trabalho.
Sendo sabido que o elemento intensificador da “cobiça” dos investidores pelo grupo Sousacamp é, precisamente, a intensa cobertura e ramificação da sua rede comercial, o SINTAB questiona se esta situação não será vista, pelos investidores, unicamente como uma possibilidade de escoamento de excessos de produção em fábricas estrangeiras que detém, nomeadamente em Espanha, bem como a forma de inserir, por porta privilegiada, no mercado europeu, produtos de origem sul americana.
Desta forma, entende o SINTAB que deve o Estado Português, não só na qualidade de credor por via da Segurança Social e Autoridade Tributária, mas também na defesa de interesses presentes no NOVO BANCO, exigir, junto dos proponentes, a inscrição de claras e inequívocas garantias de manutenção dos atuais postos de trabalho na proposta de recuperação.
Inobstante à exigência anterior, entende ainda o SINTAB ser completamente oportuno sugerir a possibilidade de o Estado Português, por via do enorme interesse económico e social no assunto em questão, chamar a si a gestão do grupo empresarial de forma a impedir a previsível penosidade para o País e para a sociedade Portuguesa.
Fonte: SINTAB - Porto