Os trabalhadores dos hotéis, restaurantes, cafés, pastelarias, cantinas e similares realizaram hoje de manhã uma concentração de protesto à porta da associação patronal AHRESP. Depois, os trabalhadores participaram na concentração nacional da CGTP-IN, na Assembleia da República.
O turismo tem vindo a aumentar há seis anos consecutivos com índices de crescimento anual nunca vistos.
Os resultados de janeiro de 2019 confirmam a manutenção do crescimento, com o alojamento turístico a registar 1,3 milhões de hóspedes e 3 milhões de dormidas, correspondendo a variações de +7,2% e +4,7%, respetivamente em relação em dezembro de 2018, a taxa líquida de ocupação-cama aumentou 0,2% e os proveitos aceleraram, tendo no total apresentado um crescimento de 8,7% atingindo 162,7 milhões de euros, sendo que os proveitos de aposento cresceram 8,2%.
O setor da restauração e bebidas também vive uma boa situação económica devido ao aumento do turismo interno e externo, tendo ainda beneficiado enormemente com a redução da taxa de IVA de 23% para 13% em 2016.
O setor das cantinas, refeitórios e bares concessionados cresceu muito nos últimos anos, nomeadamente com o aumento do número de concessões de cantinas das escolares, hospitais e do setor social;
Os preços dos serviços na hotelaria, restauração, bebidas, cantinas e similares subiram muito acima da média nacional.
Não obstante os excelentes resultados no crescimento das dormidas, da taxa de ocupação-cama liquida e dos proveitos, o setor do turismo paga salários muito baixos.
Além disso, o setor vive uma situação social grave devido aos altos índices de precariedade dos vínculos laborais, ao trabalho ilegal e clandestino, ao trabalho não declarado, aos horários desregulados, imprevisíveis e infindáveis de 10, 12 e 14 horas diárias, ao clima de impunidade geral existente com a violação sistemática das normas da contratação coletiva em vigor e da Lei.
Em 2018 foram revistos os salários dos trabalhadores, mas as tabelas salariais não repõem na totalidade o poder de compra perdidos pelos trabalhadores no período em que os contratos estiveram bloqueados, nem teve em conta a excelente situação económica do setor.
Em outubro de 2018, a FESAHT apresentou à AHRESP propostas para vigorarem a partir de janeiro 2019 com aumentos de 4% na tabela salarial, aumento mínimo de 40 euros e a fixação do salário mínimo do setor em 650 euros. A AHRESP não apresentou qualquer contraproposta em relação ao alojamento e em relação às cantinas e restauração as propostas ficam muto aquém das propostas sindicais.