Com trabalhadores vindos do Norte, Centro, Sul, Algarve e Madeira, a FESAHT – Federação dos Sindicatos da Hotelaria realizou hoje um encontro à porta da IV Cimeira do Turismo Português, que está a decorrer no Teatro São Luiz, em Lisboa, para debater e denunciar a situação social do sector e dar a conhecer o outro lado do turismo que o patronado insiste em esconder.
A Confederação do Turismo de Portugal, órgão de cúpula do turismo português, volta a assinalar o Dia Mundial do Turismo, dia 27 de Setembro, com a realização da IV Cimeira do Turismo Português. Para o efeito, a CTP convida um conjunto de personalidades nacionais e internacionais, alegadamente para debater e reflectir sobre a actividade do Turismo em Portugal e no mundo. Contudo, os verdadeiros problemas do sector passam à margem destas iniciativas que se realizam todos os anos.
Na verdade, o sector cresce sucessivamente há cinco anos consecutivos com índices de crescimento nunca antes vistos mas as empresas não fazem investimento, continuam a apostar em mão-de-obra barata e mal qualificada, mantêm as unidades hoteleiras e demais empreendimentos turísticos e de restauração degradados, com piscinas e SPA’s encerrados, quartos em condições muito degradadas, alcatifas em mau estado, falta de equipamentos ou com funcionamento irregular, más condições de estar para os clientes e trabalhadores.
O investimento que está a ser feito no sector é em novas unidades hoteleiras e no alojamento local, mas nem estas novas empresas apostam em trabalho qualificado e devidamente remunerado, mantêm o recurso a trabalhadores com baixas qualificações e continuam a pagar salários baixos e a oferecer condições de trabalho inaceitáveis.
O setor não consegue absorver o trabalho de milhares de trabalhadores qualificados que saem todos os anos das escolas hoteleiras, dos cursos de turismo das universidades e do IEFP, dos cursos de turismo das escolas de formação privadas e dos cursos do turismo ministrados pelo Ministério de Educação. Muitos dos trabalhadores qualificados optam por emigrar, à procura de melhores condições de trabalho e de vida, outros experimentam o sector, mas logo fogem deste devido às más condições de trabalho e aos baixos salários praticados.
A pretensa Cimeira do Turismo, que não conta com a presença dos trabalhadores nem as suas organizações foram convidadas, não vai abordar os horários imprevisíveis e infindáveis, os ritmos de trabalho intensos, a precariedade dos vínculos laborais, o trabalho ilegal e clandestino, o trabalho não declarado, os baixos salários praticados, o bloqueamento da contratação colectiva, o incumprimento dos direitos por parte do patronato, a falta de atuação da inspeção do trabalho, a exposição involuntária ao fumo do tabaco, o trabalho forçado dos estagiários, a degradação das unidades hoteleiras, o combate ao turismo de massas e a redução da qualidade de serviço.
FONTE: FESAHT E SINDICATOS DA HOTELARIA