Turismo com duas realidades bem diferentes

Nos últimos anos o sector do turismo tem vindo a registar sucessivos recordes, tanto em número de hóspedes como em proveitos, sendo que os dados relativos a 2016 vieram confirmar mais um ano de recordes históricos com o número de hóspedes a superar os 19 milhões (+9,8%), mais de 53 milhões de dormidas (+9,6%) e os proveitos a ascenderem a mais de 2.900 milhões de euros.

turismo A FESAHT regista como bastante positivo a evolução do turismo e das actividades económicas ligadas ao sector mas chama a atenção para a realidade bem diferente vivida pelos trabalhadores deste sector. Hoje é bem patente a enorme contradição existente no sector do turismo devido à estratégia política de basear a competitividade da economia nos baixos salários e na flexibilização das relações laborais: por um lado, os recordes históricos ano após ano verificados no sector; por outro lado, a exploração, o empobrecimento, o desemprego e a precariedade que afectam a maioria dos trabalhadores.

São mais de 300 mil trabalhadores sujeitos à constante diminuição dos salários por via do bloqueamento da contratação colectiva, à diminuição do pagamento do trabalho suplementar através da imposição da desregulação dos horários de trabalho, à generalização da precariedade devido ao aumento do trabalho temporário e do recurso abusivo aos contratos a termo e aos estágios, entre outras consequências bastante gravosas para as condições de trabalho e para a vida dos trabalhadores deste sector.

A FESAHT considera urgente a tomada de medidas por parte do Governo que valorizem o trabalho e os trabalhadores, que ponham fim à caducidade das convenções colectivas de trabalho que se encontram bloqueadas à vários anos, que promovam o crescimento dos salários e que acabem com a precariedade e a degradação das condições de trabalho.

Se o Governo quer um turismo de qualidade então tem que passar das palavras aos actos rapidamente. Não basta dizer que se é contra os baixos salários se depois não se quer acabar com a caducidade da contratação colectiva. Não basta dizer que se quer acabar com a precariedade se depois se anda a estimular os contratos a prazo, o trabalho temporário e os estágios para ocuparem postos de trabalho. É urgente uma mudança efectiva de política para o sector do turismo se queremos garantir um turismo de qualidade.

Fonte: FESAHT