«A mentira tem perna curta, a luta tem longo alcance», destaca a Fiequimetal, reagindo a um comunicado com que a Comissão Executiva da Navigator procurou desmobilizar a greve de quatro dias que se inicia esta madrugada em todas as empresas do grupo.
A Comissão Executiva da The Navigator Company emitiu ontem um Comunicado de Imprensa, que foi amplamente divulgado aos trabalhadores, o qual está pejado de inverdades. Para a Fiequimetal, esta decisão da empresa teve três objectivos:
• Procurar desmobilizar os trabalhadores para a greve de quatro dias que se inicia hoje em todas as empresas do Grupo Navigator:
• Procurar iludir a opinião pública, mantendo a imagem de empresa modelo ao nível da política salarial que pratica;
• Procurar branquear a incapacidade e falta de vontade para negociar.
O que está em causa
Nesse comunicado a empresa aborda matérias que não estão em causa neste momento e que foram conquistas de anos de negociações e de justas exigências dos trabalhadores tendentes a uniformizar regimes distintos praticados nas várias empresas do grupo.
O que está em causa neste momento é a negociação de um Regulamento de Carreiras abrangente a todos os trabalhadores e a todas as empresas da The Navigator Company, com mecanismos anti-estagnação claros e objectivos, com um justo enquadramento salarial dos trabalhadores atendendo às funções desempenhadas e a recuperação salarial dos trabalhadores que não progrediram ao longo de mais de 5 anos.
A empresa diz no comunicado que contratou 620 trabalhadores nos últimos 4 anos. É FALSO.
A Navigator neste número está a contabilizar:
- os trabalhadores contratados para substituir trabalhadores que saíram, por reforma ou ao abrigo do programa de rejuvenescimento;
- os trabalhadores contratados a termo, para substituir trabalhadores com baixas prolongadas;
- os trabalhadores contratados para a nova fábrica de tissue, em Cacia;
- os cerca de 200 trabalhadores que trabalhavam há mais de 10 anos em regime de outsourcing, em funções de carácter permanente, que foram, e bem, integrados em empresas do Grupo, embora com salários abaixo dos praticados no grupo Navigator.
A empresa diz no comunicado que reduziu o horário de trabalho semanal para 39 horas em 2019 e 38 horas em 2020.
É MEIA VERDADE.
A empresa reduziu, sim, não por iniciativa sua, mas por pressão dos trabalhadores. Por outro lado, a verdade é que os trabalhadores da ex-Portucel já praticavam um horário de 39 horas semanais e os da ex-Soporcel de 38 horas, ambos há mais de 20 anos. O que se conseguiu foi uniformizar pelo valor mais favorável.
A empresa diz no seu comunicado que garantiu o Fundo de Pensões a todos os trabalhadores. É MEIA VERDADE.
Sim, foi atribuído em todas as empresas, por pressão dos trabalhadores, mas existe discriminação. Nos fundos de pensões mais antigos a empresa contribui com 4%, mas nos mais recentes contribui com 1%.
Diz ter atribuído prémios de performance de 80 M€ e prémios de desempenho de 23 M€ no último ano.
Atribuiu sim, mas não igual para todos os 3200 trabalhadores. Alguns receberam apenas 150 euros de um prémio de desempenho com critérios dúbios, penalizador da maioria dos trabalhadores.
Diz que 58% dos trabalhadores foram promovidos. É MEIA VERDADE.
Muitos trabalhadores progrediram recentemente, mas não foram promovidos à categoria devida. Muitos trabalhadores não recebem qualquer progressão salarial há mais de 5 anos e muitos dos que agora progrediram receberam valores abaixo dos 10 euros, havendo trabalhadores que receberam oitenta cêntimos de aumento.
Diz ter feito uma actualização salarial de 1,5% a 2% e que o salário médio no grupo é 2,5 vezes superior à media nacional. É MEIA VERDADE.
Os aumentos foram naquele montante, sim, mas foi uma excepção, porque nos últimos 10 anos esse aumento tem rondado valores entre 0,7% e 1,2%. O salário médio na empresa poderá rondar o montante escrito mas, para sermos verdadeiros, a maioria dos salários é inferior a 1000€, alguns próximos do salário mínimo nacional. Apenas alguns dos trabalhadores da ex-Portucel, grande parte dos trabalhadores da ex-Soporcel, quadros médios e superiores auferem mais de 1000€.
Diz ter atribuído um seguro de saúde a todos os trabalhadores. É MEIA VERDADE.
Atribuiu, sim, mas com condições distintas para as várias empresas, continuando a promover a discriminação.