CGTP-IN
Comércio e Serviços
manuelguerreiroManuel Guerreiro
CECO CGTP-IN e Presidente da DN do CESP

                                                                                                                      Intervenção XI Congresso CGTP-IN

                                                                                                                      Manuel Guerreiro

                                                                                                                                                   CECO CGTP-IN e Presidente da DN do CESP

 

Camaradas congressistas,

 

Vivemos um tempo político, económico, social, cultural e ideológico de regressão.

 

O grande capital continua na ofensiva, quer fazer o mundo retroceder aos primórdios do sistema capitalista, para aumentar a exploração de quem trabalha e acumular lucros sem precedentes, o que se traduz no agravamento brutal das desigualdades, evidenciadas pelo estudo, da posse de todos, “as desigualdades em Portugal”.

 

Os Governos nacionais e as instituições internacionais estão colocados ao serviço da estratégia capitalista.

 

O chamado “consenso” de Washington, foi ponto de viragem para a politica neoliberal, e os encontros de Davos, G 8, FMI, BM, OMC e as cimeiras da Comunidade Europeia são momentos de afinação e propaganda para influenciar e impulsionar as politicas que, em cada conjuntura, mais interessam ao capital.

 

Cada fase da ofensiva, contra os trabalhadores e povos, é antecedida, pela preparação ideológica, martelada por palavras como: “inevitável”, “produtivo”, “competitivo”, “modernizar”, “privatizar”, ou mais modernamente “adaptabilidade” e “flexisegurança”.

 

Nas empresas a campanha ideológica também tem palavras-chave: “reestruturar”, “modernizar”, “emagrecer” “cortar gorduras”, em vez de despedir, e ainda a mágica palavra “externalizar”, em substituição de “transferir negócios” para justificar despedimentos, sempre, sempre, em nome da “competitividade”.

 

Nunca para aumentar os lucros!

 

Aos despedidos, perdão, “dispendsados”, que aumentam todos os dias, recomendam “outplecement” e aos desempregados e precários “empregabilidade”.

 

Quando conseguem contratos colectivos despidos de direitos, também têm umas palavras para designar os negociadores ditos sindicais, chamam -lhe “parceiros responsáveis”.

 

Alguns patrões mais “broncos” e os “estrategas” patronais mais descarados mostram “o gato em vez do rabo do dito” e reclamam em directo:

 

Despedimentos sem justa causa; mais precariedade; 12 horas de trabalho/dia e 60 por semana; redução da actividade sindical nos locais de trabalho; caducidade dos contratos colectivos que garantem direitos; redução de custos com pessoal, como está fazendo a grande distribuição na negociação do CCT em curso.

 

Camaradas,

 

O capital sabe que os trabalhadores e povos resistem e lutam, por isso manda os governantes de turno, apertar o controlo policial, a vigilância, meter as liberdades cívicas, sindicais e democráticas num colete-de-forças.

 

Levantemos a nossa vós!

 

Fascismo, miséria, prisões, tarrafais - nunca mais!

 

Os trabalhadores e os povos resistem e lutam como podem!

 

Combatem as invasões e agressões, defendem os direitos e interesses, “com as armas que têm na mão”.

 

Enfrentando as dificuldades “abrem crateras de esperança por onde brilha futuro”.

 

Demos a nossa contribuição.

 

Estivemos na luta solidária contra a invasão do Iraque, Afeganistão, Palestina.

 

Estivemos nas batalhas pelos direitos e salários dos trabalhadores, contra a destruição e privatização dos serviços públicos e as funções sociais do Estado.

 

No 25 de Abril e 1.º de Maio e, em tantas pequenas e grandes lutas que fizemos, participaram “muitos, muitos mil”.

 

No Comércio e Serviços, nos últimos quatro anos, articulamos a preparação e participação nas lutas, com a sindicalização de mais 18 mil trabalhadores; a eleição de 670 delegados e a criação de comissões sindicais e intersindicais; resistimos ao Código do Trabalho e, às alterações cirúrgicas, para pior, feitas pelo actual governo, negociamos os contratos colectivos, com manutenção de direitos e actualização de salários; aumentamos as receitas de quotização - em 9% - e modernizamos e reduzimos a estrutura administrativa, embora, de forma insuficiente.

 

Só assim, vivendo das quotas dos trabalhadores associados, não dos impostos, é possível continuar a ser-se movimento sindical independente e de classe.

 

Desenvolvemos e vamos continuar, com a campanha nos locais de trabalho, de divulgação e efectivação dos direitos contratuais.

 

Tivemos e continuamos a ter, “engenho e arte”, para lutar contra a liberalização total dos horários de abertura do comércio e pelo encerramento ao domingo.

 

Contra a completa desregulação da implantação das grandes unidades comerciais, que acelera o encerramento do pequeno e médio comércio, provocando mais desemprego e dificuldades no escoamento da pequena e média produção agrícola e industrial.

 

Temos confiança que, trabalhando, vamos lá, com a organização que temos e a mudança estratégica que este Congresso afirma:

 

Para “dar mais força ao sindicato” vamos para os locais de trabalho e empresas, desenvolver a acção e a informação, divulgar e agir para exercer direitos, denunciar e combater as propostas do Governo para alterar, para pior, o Código do Trabalho - a flexibilidade à portuguesa - sindicalizar, eleger mais delegados e representantes, estruturar e por a funcionar mais comissões sindicais e intersindicais, aumentar a formação sindical dos dirigentes e delegados.

 

Tornar mais próxima, transparente e envolvente a actividade dos trabalhadores e promover a sua maior participação na vida sindical.

 

Para ter “emprego” estável e com direitos, vamos intensificar o combate à “peste” da precariedade, na sua maioria resultante de práticas de admissão ilegal das empresas e aos despedimentos, exigir, condições de trabalho, formação, investimento e desenvolvimento.

 

Para alcançar uma “mais justa distribuição da riqueza” vamos dinamizar e intensificar a luta, contra o aumento dos preços e reivindicar aumento de salários, defender a negociação e a contratação colectiva.

 

Apoiamos novas acções conjuntas, já no 8 de Março, dia da mulher, 28 de Março, com a juventude em massa na rua; em Abril da liberdade e, em Maio dos trabalhadores.

 

Se o Governo Sócrates, ao arrepio das promessas que o PS fez, e ainda não cumpriu, insistir nas propostas para piorar o Código do Trabalho, temos de começar a pensar em preparar nova Greve Geral.

 

O futuro molda-se, em cada presente, agindo e lutando em conjunto!

 

Viva o XI Congresso da CGTP-IN!

 

Vivam os trabalhadores!

 

A luta continua!                              

Manuel Guerreiro

 

 

 
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