Sindicato desafia CTT a corrigir salários prejudicados por erro da administração

Sindicato desafia CTT a corrigir salários prejudicados por erro da adminitraçãoOs CTT foram agora obrigados, pela Autoridade Nacional de Comunicações, a corrigir em mais 30 milhões de euros as contas da actividade postal de 2016 e 2017. O SNTCT - Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações desafia os CTT a compensar também os salários negociados em baixa, nesses anos. Em 2016 e 2017, os CTT subtraíram 30 milhões de euros da actividade postal que, na realidade, eram custos do Banco Postal. As negociações salariais dos trabalhadores, naqueles anos, foi feita sem ter em conta mais aqueles 30 milhões de euros nos resultados da actividade postal.

Comunicado do SNTCT:

GESTÃO CTT QUIS ESCONDER, MAS FOI APANHADA!
Afinal, era o SNTCT que andava a ver “fantasmas”?
Estávamos errados e tiveram que corrigir as contas?
Aproveitem a onda e corrijam também os salários negociados em baixa com base nas contas que agora foram obrigados a corrigir.
OS CARTEIROS, TNG’S, MOTORISTAS E OUTROS CUJO TRABALHO É O SERVIÇO POSTAL, TAMBÉM CARECEM URGENTEMENTE DE VEREM CORRIGIDOS OS SEUS SALÁRIOS.

A actividade postal continua a ser o grande - enorme mesmo - suporte da actividade dos CTT. Basta estarmos atentos, lermos os números e tirarmos conclusões. Contudo, os trabalhadores cuja actividade principal é "correio", além de continuarem a ter que dar a cara - todos os dias - por erros de serviço derivados de uma errada política de gestão, continuam também a ver decrescer o seu poder de compra enquanto os lucros que geram são canalizados para o Banco CTT.

Isso incluindo os que, tendo sido empurrados para a condição de um contrato de "pluriempregador", executam funções bancárias e funções postais à vez e, porque são de raiz postal, têm muitas vezes ao seu lado a trabalhar gente que só faz banco e que nalguns casos, miraculosamente, ganha mais que os que executam duplas funções e, em alguns casos, mais que a própria chefia.

Sim, nós sabemos que também estávamos "errados" quando, saudando a criação do Banco, recusámos esta confusão de funções, esta sobreposição de uma rede bancária sobre uma rede postal que já era deficitária em meios humanos e operacionais. Estávamos tão "errados" que hoje o dia-a-dia se encarrega de nos dar, infelizmente, razão.

Um sobre investimento no desenvolvimento de um Banco que demorará a "ter pernas para andar" concomitantemente com um sob investimento nos diversos serviços postais e, custe a quem custar, a triste realidade é indesmentível; o Banco CTT a receber um prémio - UM PRÉMIO QUALQUER - e todo um folclore festivo é montado em torno do mesmo.

Os CTT Correios recebem queixa atrás de queixa, os trabalhadores postais são ofendidos - NA PRAÇA PÚBLICA - e o único movimento que se vê é o dos "inspectores" a ouvirem homens e mulheres extenuados - na distribuição, no atendimento mas não só - que sob ameaça de multas, suspensões e até despedimento - são obrigados a explicarem o que não tem outra explicação que não a má gestão e a falta de recursos humanos.

Olhe-se para a cara triste de homens e mulheres que, uma vida passada a servirem bem os cidadãos, são de repente tratados como criminosos - ACUSADOS COMO CRIMINOSOS - por erros provocados pela sobrecarga de trabalho, pela má direcção de trabalho, pela falta de recursos humanos e materiais, por uma criminosa desculpabilização de quem "pode quer e manda" que aplica a velha máxima militar de que "enquanto houver um magala abaixo na linha de comando, os chefes safam-se sempre".

Mais "fantasmas" do SNTCT? Será mesmo?

Então que resposta têm para o Carteiro que, quando saiu para o giro, tinha o móvel vazio e que, vá lá saber-se porquê, no dia seguinte quando não no mesmo, recebe um pedido de informação porque se "esqueceu" de um registo (quase sempre já fora dos indicadores de qualidade?), isso quando manhã cedo não tem dois "inspectores" à sua espera, de penalização em riste, a forçarem-no a confessar, tantas vezes sob ameaça, o "crime" que não cometeu?

Sim, assim mesmo. E mais, que resposta têm para o mesmo Carteiro a quem, quer antes quer depois desse dia, obrigado a dobrar o giro por falta de pessoal, é dito que o maço de registos fica à espera de melhores dias ou, pior, que só vão para a rua os avisos dos mesmos, iludindo o sistema ao fazê-los passar à condição de impossibilidade de entrega e, assim, deixarem esses registos de constarem como saldo, passando no instante a avisados na EC mais próxima?

E ao Carteiro que, só para não ouvir a "buzina" da voz da chefia, anda a correr para conseguir entregar todo o correio que lhe mandam levar para a rua e, antes não tivesse já acontecido, mete "os pés pelas mãos" e entrega um objecto à cobrança sem proceder à mesma?

Sim. E que dizem ao TNG da EC mais próxima, onde o destinatário que estava em casa, não viu o Carteiro mas está atento e, depois de ver no sistema (em www.ctt.pt) que o seu registo está naquela EC desde o dia anterior aí se dirige para o levantar e lhe dizem que ele ainda não chegou?

Já agora, que respostas têm para o TNG que começa o dia no balcão dos serviços postais, que depois via fazer uma "perninha" no balcão do Banco, voltando depois aos serviços postais e, por estar extenuado, não põe a tal "cruzinha" no sistema e, cai na alçada dos inquiridores, sob ameaça de suspensão ou pior? E que dirão a esse mesmo TNG se enquanto salta de posição para posição, cansado, for vítima de uma falha que, in extremis, lhe pode levar, ou quase, todo o salário do mês?

Justiça? Onde está a justiça de um homem ou uma mulher que, depois de 10, 20, 30 ou até mais anos está a chefiar uma EC e sabe, porque apesar de sujeito(a) à "Lei da rolha" ele(a) sabe-o, que o jovenzito ou a jovenzita que veio do exterior trabalhar só para o serviço de Banco, está a ganhar o mesmo ou mais que ele(a)?

Só para que fique claro não temos nada contra esses novos trabalhadores que, não concordando nós com o princípio - puderam e tiveram condições para negociarem os seus salários acima do daqueles que estão a ser usados como "carne para canhão" e que como prémio apenas vêem a ingratidão.

E, por falarmos de ingratidão, ingratidão maior e de difícil adjectivação, falemos de AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, avaliações muitas "a olho", em que trabalhadores e trabalhadoras foram somando pontos até atingirem 5 dos 6 necessários à progressão salarial e, irreal, receberam 2,45 de avaliação anual "porque eram excelentes" mas a quem não foi dito que a gestão, porque o pode fazer, passou a considerar que só 2,5 ou mais de avaliação anual contam para a obtenção de um ponto para os 6 necessários? Vai uma aposta que a generalidade dos trabalhadores que já tinham os 5 pontos vão passar de "bestiais a bestas" para nunca verem a almejada progressão profissional?