Turismo: Empresas "bem capitalizadas" mantiveram 40% dos trabalhadores a receber salário mínimo

turismo portugal 640O presidente da Confederação do Turismo de Portugal dizia, há cerca de um ano, que as empresas do sector estavam bem capitalizadas. Agora defende a redução dos salários, uma vez que pretender o seu congelamento representa, na prática, uma redução, tendo em conta a inflação registada este ano, afirma a a Federação dos Sindicatos de Hotelaria e Turismo, num comunicado onde critica a rejeição de qualquer aumento do salário mínimo, por parte do representante patronal. Mais de 40% dos trabalhadores deste sector recebem apenas o salário mínimo nacional.

Comunicado de imprensa da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação,

Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal

NÃO À RÉDEA SOLTA PARA O CAPITAL E SILENCIAMENTO PARA OS SINDICATOS

Entrevistado no programa Conversa Capital, da Antena 1 e do Jornal de Negócios, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, considera que aumentar o salário mínimo no início de 2021 é atirar as empresas para o precipício.

A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) rejeita qualquer aumento do salário mínimo em janeiro do próximo ano.

Ora, o Sr. Calheiros, sempre pronto a defender a cartilha do grande capital, que há cerca de um ano dizia que as empresas do setor do turismo estavam bem capitalizadas, vem agora defender a redução dos salários. Redução dos salários sim, porque defender o congelamento na prática representa uma redução face à inflação registada este ano.

Recorde-se que mais de 40% dos trabalhadores do setor recebem apenas o salário mínimo nacional.

Nesta entrevista, no programa Conversa Capital, o presidente da Confederação do Turismo diz que o que quer discutir neste momento é "o emprego máximo e não o salário mínimo", antecipa dois momentos, dois "choques", em que haverá mais desemprego no turismo: outubro e janeiro e lamenta que o governo tenha rejeitado o prolongamento do lay-off para o turismo porque as novas medidas não servem a todos.

A Confederação do Turismo de Portugal diz que quer discutir emprego máximo, mas quererá dizer que o patronato do setor vai reintegrar os muitos milhares de trabalhadores despedidos e repor os direitos roubados aos trabalhadores neste período?

E volta com o papão do desemprego para “sacar” mais dinheiro ao Estado, mas que garantias dá que não vai despedir de uma maneira ou de outra.

O presidente da CTP critica o Governo por não prolongar o lay-off, mas não diz que os grandes grupos económicos do setor, foram muito lestos a arranjar alternativas, passando a encerrar unidades hoteleiras e a concentrar os trabalhadores e os clientes numa única unidade, pondo em causa, de forma grave, a segurança e saúde dos clientes e trabalhadores, bem como a qualidade de serviço.

O presidente da CTP revelou ainda que as confederações patronais vão apresentar um documento conjunto ao governo para o próximo Orçamento do Estado onde pedem a redução da carga fiscal. Mas será que o documento prevê a criação de emprego, reposição dos direitos, aumentos salariais e recuperação do poder de compra perdido pelos trabalhadores durante os 7 anos de ouro do turismo - 2011/2018 - em que em simultâneo a contratação coletiva e os salários estiveram bloqueados no setor com perdas superiores a 10% face à inflação registada no mesmo período.

A FESAHT e os seus sindicatos filiados desenvolvem neste quadro um trabalho sindical intenso nas empresas a nível nacional pela reabertura de todas as empresas e estabelecimentos, a reposição de todos os direitos, pelo pagamento dos salários em atraso, pelo desenvolvimento da negociação da contratação coletiva, por aumentos salariais dignos e justos para os trabalhadores do setor, que foram e continuam a ser muito penalizados devido ao aproveitamento feito pelo patronato da crise sanitária.

A FESAHT exige maior imparcialidade dos órgãos e comunicação, em particular dos que estão na esfera pública, como é o caso da RDP, e que lhe sejam dadas oportunidades iguais para divulgar as suas posições e reivindicações.